2 de set. de 2013

"PARA O SEU DOMINGO"

Que você consiga passar pela porta qualquer que limite seus desejos, seus projetos, seus sonhos. 
Que "do outro lado" dessa porta, esteja ao menos um bom humor para sorrir, se tudo parecer que "não era bem aquilo que você queria".
Que ao menor sinal de impossibilidade de cruzar essa porta, você possa olhar para o lado onde está e tenha ao menos um bom humor para sorrir, se tudo parecer que "não era bem aquilo que você queria".
Que na impossibilidade de saber como será a próxima semana, que seu domingo seja bem legal, mesmo que "não seja bem aquilo que você queria".


POÇOS DE CALDAS, 01/09/2013

14 de ago. de 2011

PAPAI

ANTONIO IGNACIO NUNES, meu pai.

Minha caixas de fotos ainda estão guardadas 
esperando minha nova mudança de casa. 
Queria muito encontrar as fotos que herdei de minha avó paterna, 
as fotos que ele enviava durante a guerra para apaziguar 
o coração desesperado dos pais, meus avós.
Tive a sorte de encontrar essa foto, de 1944, em plena guerra,
num álbum 
que ele confeccionou com minha mãe e 
que continha esse flagrante alegre de homem apaixonado 
pelos animais, 
a melhor herança que me deixou, 
esse amor e carinho com os bichos. 
Quanto mais envelheço, mais semelhança física 
tenho com minha mãe, 
mas por dentro, sou o que ele ensinou, 
o melhor de mim, a alegria de viver, o respeito à natureza, 
o respeito pelo próximo e 
sobretudo, amor a arte, literatura, cinema, música, 
a vontade de viver e ser feliz.
Sou a mais órfã de pai que conheço. 
Ele era o meu sangue, meu amigo, meu confidente (sempre), apoiador, estimulador, 
meu colo, a mão abençoada sobre os meus cabelos 
quando estava triste. 
Guiou meu coração, meus passos, 
ensinou-me a plantar, tanto na terra quanto no futuro. 
Educou meu filho, talhou nele grande parte de seu caráter 
e objetividade, simpatia e senso de humanidade.
São meus dois contrapontos, meu pai e meu filho, 
passado e presente,
cada um em um prato da balança de meu equilíbrio 
moral e espiritual.
Na gola de sua farda tinha um canhão de cada lado 
e a letra E, de estrategista, 
hoje guardo comigo os diplomas e medalhas de guerra 
que auferiu por oferecer a própria vida 
em defesa do Brasil que tanto amava. 
Ele dizia que dos filhos que tinha, 
eu era o que mais parecia com ele e hoje eu concordo, 
minha estrada percorrida  pela vida mostra isso.
Nasci com olhos sãos, ele me ensinou a enxergar,
os ouvidos sadios, ele me ensinou a ouvir,
com a voz para cantar, ele me ensinou a calar,
com pernas fortes, ele me ensinou a caminhar na direção certa.
Ele me deu uma alma livre, me deu amor, aconchego, 
proteção, segurança e fé.
Hoje ele é o buraco mais profundo que a saudade pode cavar 
no coração e na vida de alguém, 
na minha vida.

*

Dia dos pais,,domingo, 14 de Agosto de 2011.


18 de jun. de 2011

A GUERRA


Já não me lembrava dessa letra que escrevi para uma gravação do Fernando e procurei-a no site dele e lá percebi que meu nome de autora não estava, então resolvi publicar para que não restem dúvidas de que sou a autora da letra. Ele gravou lá por 1982, sei lá, por aí, mas penso que está bem atual. Quanto ao Tigre, é que nasci no ano do Tigre (tigre de metal) e quando descobri isso, achei a minha maior identidade.

A GUERRA
Fernando Mendes e Marilia Barbosa
 
Existem milhões de pessoas
Sofrendo no mundo,
Chorando o amor de alguém
Que morreu num segundo,
Com tais violências marcantes,
Por nossos fatais assaltantes,
Que vivem à solta nas ruas,
Normais militantes...
 
Crianças eu vejo perdidas,
Morrendo na terra,
Seus pais abandonam seus lares
Ou morrem na guerra,
Não temos vontade ou escolha,
Vivemos debaixo de panos,
Não fazem valer hoje em dia,
Os direitos humanos.
 
Onde será que eles querem chegar,
Quando será que isso vai terminar,
Quando será que eles vão se entender,
Quantos ainda terão de morrer?
 
Eu não compreendo os motivos
De tantas guerrilhas,
Soldados que matam ou morrem,
Deixando famílias,
Enquanto pregamos a paz,
A guerra se expande ainda mais,
E o dia de sermos felizes,
Não chega jamais.
 
Eu ouço falar das enchentes
E dos terremotos,
Canhões que disparam deixando
Feridos e mortos,
Milhares serão mutilados,
Inúmeros desabrigados
E dia após dia acontece
Um novo atentado.
Onde será que eles querem chegar,
Quando será que isso vai terminar,
Quando será que eles vão se entender,
Quantos ainda terão de morrer?...


Eu quero sorrir mais não posso,
A vida ainda muito sem graça
E o mundo parece que vai desabar...

6 de mar. de 2011

COMIGO. 29/11/1997

Não se sobe ao palco,
não se solta a voz,
impossível arrepiar,
cantando,
se não existe
a criação,
aquilo que o tempo,
gerou imperceptivelmente
dentro de nós
n'um útero etéreo,
que recriou
o outrora procriado
pela história...
E o que se diz teatro,
é a vida nascendo
entre contrações coletivas,
emocionadas,
a cada melodia inesquecível...
Sim, um dia
perdi o poder de procriar,
mas foi o tributo
que aprendi a pagar
para aprender a recriação.

9 de fev. de 2011

SOBRE A DEPRESSÃO.


Dizem que é genético, a depressão.

E o que importa se é ou não?

Minora? abranda? Suaviza? Resolve?

Teorizam e ganham dinheiro prá isso,

inventam remédios que já tomei,

discursos que já ouvi...

Descubro hoje que há um tempo

em que vemos a depressão,

outrora sentida, ressentida, doída:

É na maturidade, onde até

a própria depressão amadurece

e prepara-se como um sacerdote

a professar os ritos, as orações,

os gestos...

Repete-se cruel e impiedosa,

pois já não vemos no espelho

o futuro que desconhecemos,

ainda travestido de esperança.

Nua e crua, senta-se na melhor cadeira,

deita-se na rede,

dorme na cama,

toma o café da manhã

e anoitece...

8 de fev. de 2011

BATENDO PAREDES. música: Sergio Castro / letra: Marilia Barbosa


Bêbada, a escuna-
vagava entre vagas - memórias
e cada árvore brincava solta
ao derredor.
Trôpega - a bêbada -
perdia-se nas datas, nas horas
e a cada plano que fazia, tudo via
em esplendor.
Tôla - já não mais criança,
trocava pernas e penas
dores - dezenas, batendo paredes,
pedindo socorro...
Vira copos, e sai avião,
obsoleto, em horas de vôo...

ÁLBUNS


Todos os 3/4

em preto e branco

são reveladores,

Revelam alegrias

e revelam dores.

Se quer esconder

ou sublimar emoções,

use as cores...

21 de dez. de 2010


Deixa eu me iludir, me atraiçoar.

Deixa eu cair e sentir a emoção de quem espera

a sombra do que era o sonho de amor,

perdido,

traído pela fé que ilude

e empana a verdade

que os olhos de amor não vêem...

Me deixa, não fala comigo,

hoje eu não preciso do afago de amigo,

hoje eu quero cair na pedra fria

do chão que me espera

e chorar cada pedaço

da dor que é só minha,

por fatalidade,

por destino cruel,

que me quer tão sozinha.


Me deixa, me larga, me esquece

não olha em meus olhos, desaparece.

Não tenho mais voz, sou silêncio de morte

sou fio de luz que fenece.